EU SOU ATIVA
Estimulada no atual Plano Diretor de São Paulo, a fachada que reúne comércio em edifícios residenciais contribui para a fruição da cidade.
Dizer que Paris é uma das cidades mais bonitas do mundo é tão original quanto dizer que o Papa é católico e que o futebol é uma caixinha de surpresas. Puro clichê. Paris é bonita porque é uma cidade que praticamente não tem muros. As calçadas são largas e a paisagem é mais do que convidativa para caminhar. Ou, como costumam dizer, flanar. Os edifícios residenciais são repletos de comércios no andar térreo, a porta para a rua. Cidade e cidadãos estão integrados – tanto para o lazer como para o trabalho.
São Paulo é igualzinha. #Sóquenão. Mas vai tentando. Em 2014, o atual Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade foi sancionado. Prevê, entre outros pontos, projetos de edifícios mistos – reunindo unidades comerciais e residenciais num mesmo empreendimento – e a chamada fachada ativa, defini- da pelo PDE como a “ocupação da fachada localizada no alinhamento de passeios públicos por uso não residencial com acesso aberto à população e abertura para o logradouro”.
Tá, legal. Qual o objetivo dessas coisas? “Fortalecer a vida urbana nos espaços públicos e evitar a multiplicação de planos fechados na interface entre as construções e o passeio público”, afirma a Pre- feitura. Em outras palavras, é um jeito de promover um relacionamento mais harmônico entre edifícios e a cidade. Um lance mais amigável, de fruição da rua. O Copan, na Ipiranga, e o Conjunto Nacional, na Paulista, são assim: um pouco de Paris na paulistânia.
Cidade, escreveu no UOL a designer Milo Araújo, “é todo o espaço onde o cidadão consegue existir sem pagar”. “É muito doido conceber shoppings, bares e afins como os únicos lugares de socialização”, prossegue ela. “Quando cidadania se confunde com consumo, as coisas começam a ficar esquisitas. Saúde, educação, lazer e acesso à cidade se tornam mercadorias, quando deviam ser largamente defendidos como direitos fundamentais.” D’accord, Milo!